RELEMBRANDO

PAI E FILHA

A nossa Conselheira Vania Regina Oliveira, em 1967, ganhou o concurso de carnaval vestida de baiana. “Sensação incrível ser o destaque infantil. As fantasias eram muito elaboradas e esse momento gerava grande expectativa” relembra. “A Recreio bate com a história do município. É o início de tudo. A cidade começou com a igreja, a praça e o clube. O título da Recreio era muito desejado. Quem chegava para morar aqui fazia questão de se apresentar como sócio”.

 

Premiação Concurso de Fantasias Carnaval Infantil Recreio Gramadense, 1967. Foto Acervo Pessoal

 

“Minha irmã tocou no clube de gaita, mas as minhas maiores lembranças são a partir do ano em que o meu pai foi presidente”, conta. O senhor Elli Soares de Oliveira, foi um dos fundadores do bloco dos Velhinhos e sua gestão foi de 1975 a 1977. “Meu pai se engajou na sociedade através da Recreio. Ele se sentia muito bem aqui dentro. Contribuiu com a visão de um clube social, para a união de uma população. Na Recreio sempre houve neutralidade, um clube apolítico de verdade. Todo mundo falava a mesma língua independente das desavenças partidárias, exceto quando a justiça eleitoral acontecia aqui dentro, nos escrutínios”. Sr. Elli foi político, presidente da Arena e fiscal por muitos anos. “Sabia-se quem votava em cada urna e na medida em que a apuração evoluía do meio pra diante, já se tinha nítida noção do resultado. Tem uma cena que eu lembro quando ele fez uma aposta e ganhou uma boa grana! O resultado alcançou uma diferença de 3 mil e poucos votos”, recorda. 

Conta que seu pai gostava de jogar cartas, uma distração aos sábados e domingos. “No andar superior havia sala de jogos e éramos proibidas de entrar. Jogavam valendo dinheiro”. O jogo já era proibido naquela época, como nos dias de hoje, também nos cassinos. 

Lembra-se que a Dona Áurea, sua mãe adorava os ensaios de carnaval no ambiente do bolão, mas não gostava dos eventos sociais, nem políticos. “Na ocasião em que o meu pai era presidente ela foi obrigada a vir no Baile de Debutantes e me trouxeram junto. Eu era criança e não podia participar. Mas, havia uma janelinha na parte de cima onde montavam uma área para as debutantes surgirem. Por ali fiquei espiando o baile todo”

 

Com amigos no Carnaval da Sociedade Recreio Gramadense. Foto Acervo Pessoal

 

Aos quatorze anos frequentava os bailes de Carnaval. “Era o melhor carnaval e o único que meu pai permitia! Lembro do Bloco dos Monarcas. Lindíssimo! Não esqueço as costureiras produzindo as fantasias na garagem da casa da dona Hermida.  Figurinos de muito bom gosto, nível de carnaval do Rio de Janeiro. Brilho fantástico, descomunal, com detalhes e acabamento impecáveis”

 

 Debutantes Sociedade Recreio Gramadense, 1978. Foto Acervo Pessoal

 

 Áurea e Elli Oliveira com a filha Vania, debutante na Sociedade Recreio Gramadense, 1978. Foto Acervo Pessoal 

 

Debutante em 1978, lembra que “Sílvia Zorzanello e Dudi Ribeiro, referências em termos de comportamento social ministraram o nosso curso. Tania Carvalho, amiga delas, palestrou sobre etiqueta social. A Silvia foi o estereótipo de mulher bonita, talentosa, bem sucedida, bem vestida, educada, sociável e muito boa pessoa”, comenta.

 

  

 Conselheira Vania Regina Oliveira, Projeto Relembrando Recreio Gramadense, 2019. Foto S.R.G

 

Vania é atuante na diretoria da Recreio desde 1989 e assim como seu pai, contribui com a missão do clube de unir as pessoas. Acompanhou o Projeto Recreio 2000, desde os estudos para a fusão da Recreio ao Tênis, o planejamento e a decisão corajosa de desmontar o clube para construir um novo. “Criamos a comissão da obra. Até 2001 quando reinauguramos foram anos difíceis. Havia o descrédito de que não seria possível concluir a obra nova. Eu acredito que se não tivesse sido realizada essa reforma, hoje não existiria o clube aqui. A condição sustentável veio através dos aluguéis de espaços. Com o passar dos anos, alcançamos um grande número de sócios remidos e poucos pagantes. É muito gratificante ter feito parte desta conquista, com tanta gente que trabalhou duro para que acontecesse. Foi uma grande iniciativa. O pai ajudou o Coletto na parte financeira e vistoriava a obra. O mais importante foi cumprir o acordo que fizemos em desmontar o clube e refazê-lo, enfrentando inúmeros desafios e imprevistos que colocavam em dúvida, por muitas vezes, se teríamos sucesso nessa empreitada. Conseguimos unir a cidade em uma mesma vontade”.

 

 

  

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