RELEMBRANDO

A NOVENTINHA

Nosso Conselheiro, Professor Romeo Ernesto Riegel foi o primeiro radialista profissional de Gramado. Quando a Recreio completou 100 anos, ele organizou um trabalho maravilhoso com depoimentos veiculados no rádio durante todo o ano. Seu pai, Bruno Riegel, foi presidente de 1936 a 1937. “A Recreio é muito importante para mim, pois um ano depois da gestão do meu pai como presidente do clube, eu nasci. Existe um vínculo muito particular entre a Recreio e eu”. Na sua infância, Romeo armou pinos de bolão, jogou vôlei e recorda-se das épocas em que comeu salsichas e bebeu cervejas de madrugada, na Recreio, depois das serenatas com amigos. Lembra-se de quando Gramado teve um serviço de alto falante. “Televisores eram raros, então aos domingos à tarde, fazíamos um programa de calouros com muito sucesso, aqui na Recreio. Muitas pessoas sentavam-se na praça para ouvir as apresentações, pois a Sociedade estava lotada. O som propagado pelo alto falante alcançava boa parte da cidade.

 

Professor Romeo Ernesto Riegel, Relembrando na Recreio Gramadense.

 

A seguir, a crônica comemorativa aos 90 anos da Recreio: A NOVENTINHA.

"1915 até que não está tão longe quanto parece... E um dos melhores frutos que os gramadenses colhem em qualquer estação do ano é a Sociedade Recreio Gramadense.

Nascida para ser vertente de alegria, continua esbanjando simpatia e otimismo. Acolhe sempre que necessário, os filhos seus que estejam carrancudos por motivos de tropeços passageiros ou porque, de repente, tornaram-se inimigos de conhecidos ou amigos de dezenas de anos anteriores. A música de som estonteante, moda hoje, é tão bom remédio para dores de cotovelo ou de frustração, como eram os românticos, suaves e sensuais boleros de antigamente.

A Sociedade consolidou-se como templo social de nossa comunidade, por que nunca discriminou uma época em benefício de qualquer outra. Nenhuma geração de sócios foi melhor ou mais brilhante: apenas sonharam diferentes os mesmos e eternos anseios de felicidade e concórdia. Mudou de roupa várias vezes, do alicerce ao telhado. E esteve sempre linda aos olhares dos jovens, famílias ou amigos que, em certa época a fizeram palco de momentos preciosos e inesquecíveis de suas vidas. Para acompanhar as alterações de nossa querida cidade e de nós mesmos, a Recreio foi se fazendo nova, trocando as lamparinas por candelabros, a poeira do chão por mármore importado. Soube espelhar o curso de nossos costumes e de nossa opulência.

A Sociedade Recreio conservou, de maneira magnificamente doutrinária, duas características: a de jovem e a de gramadense. É assim por que tornou-se ícone da eternidade que lhe conferimos. ...

É a voz que esperamos que cante por séculos afora, guardando para sempre nossas risadas e a singeleza ou a ousadia de nossas esperanças...

Esperamos que, tanto ela quanto nós, consigamos dissimular o nervosismo e não dar muito na vista o escandaloso amor que nos une".

 

Capa do livro "O Espírito de uma cidade: crônicas gramadenses"

 

Riegel, Romeo Ernesto. O espírito de uma cidade: crônicas gramadenses –

Porto Alegre: Entrementes Editorial, 2010. 208p.:il.

 

 

  

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