RELEMBRANDO

CENÁRIO DE MEMÓRIAS

“Às pessoas da minha faixa de idade tenho certeza que a Recreio traz ótimas lembranças”, diz Luiz Antônio Barbacovi, atual Vice Prefeito de Gramado e Conselheiro da Recreio por quase 40 anos. “Entidades que reúnem as pessoas geralmente são referências nas comunidades. Nosso clube é mais antigo que Gramado, onde encontros se transformaram em amizades, relacionamentos e famílias. Grande parte da história política, social e econômica de Gramado foi escrita nos salões da Recreio. Decisões sobre a cidade aconteceram aqui, em bate papos e reuniões sociais. Escrutínios provocavam burburinhos por dias, envolvendo as tão esperadas notícias sobre o resultado das eleições! Lembro dos Bailes de Debutantes, em que eu ficava nervoso para dançar”, comenta.

 

Família Barbacovi, na Recreio: João Carlos, José Inácio, Luiz Antônio, Jorginho, Ivo Antônio e Anna Barbacovi. Foto: Arquivo Pessoal

 

“Sou do tempo quando Colégio Santos Dumont ficava onde hoje é o Banrisul, frente à Recreio e crianças eram restritas ao clube. Na minha infância, houve Missa Cinquentenária da Recreio, em frente a portaria. Fui um dos coroinhas e ajudei o Padre Manéa na celebração dos 50 anos. Ajudar na missa prestigiada pelas famílias tradicionais de Gramado, autoridades, foi muito marcante!

Meu tio, Antoninho Barbacovi, ficou conhecido pela participação na vida social de Gramado, como garçom, por grande parte da sua vida. Nos anos 50, eu e meus primos na mesma faixa de idade, espiávamos os eventos nos carnavais, escondidos por debaixo das mesas, com a permissão dele e da minha tia, quando foram ecônomos. Bacana, esperar o Carnaval chegar, para viver esse momento” conta. O senhor Antoninho Barbacovi foi também degustador de vinhos da antiga Vinicola Petronius referência nos anos 60, prédio da atual Secretaria de Educação.  

 

Missa em Celebração aos 50 anos da Recreio, em Gramado. Foto acervo S.R.G.

 

Missa em Celebração aos 50 anos da Recreio, em Gramado. Foto acervo S.R.G.

 

Entre 60 até 68, lembra que a Recreio foi o primeiro local com quadra de esportes. “Quadra de asfalto pequena, frequentada por jovens gramadenses. Jogávamos vôlei e futebol. Os times da época: Tênis Clube, Cometa, Ester Sul. Esfolei algumas vezes naquele piso de asfalto! Depois, surgiu o pavilhão da Prefeitura e desativaram nosso pequeno espaço esportivo da cidade. Frequentei muito o Bar da Sacada, no mezanino da Recreio, boate referência para o Vale do Sinos, Paranhana", lembra.

 

 

Destaque Social no Jornal de Gramado, anos 80.

 

Integrante do bloco dos "Velhinhos", já foi um dos "Monarcas do Ritmo" e relembra este bloco carnavalesco histórico formado por pessoas que tiveram grande influência em nossa cidade. “Além das fantasias impecáveis, os Monarcas eram como empresa organizada, com hierarquia e disciplina. A Sílvia Zorzanello, o Luciano Peccin e outras lideranças estudantis da época, jovens com visão diferenciada, marcaram o início da qualidade para o que a cidade viria a apresentar. Influenciaram comércio, hotelaria, gastronomia e arquitetura. O bloco contou com mais de 100 participantes e há 50 anos isso foi bastante significativo! Sentíamos imenso orgulho em participar do bloco e representar a Recreio Gramadense no Carnaval, em destaque na região e no Estado”.

Atuou como Secretário da Recreio em 77,  quando o clube era local de encontro dos gramadenses no fim do dia. “Hora de tomar aperitivo, jogar bolão. Meu pai jogava como a maioria do pessoal de Gramado. Nessa época, já observávamos necessidade de mudança, surgiam eventos de grande porte como Festival de Cinema e a cidade já se estruturava como destino turístico. O clube era muito procurado, mas estava em situações precárias. A empresa do meu pai e do senhor Aquilino Libardi, reformaram as canchas de bolão trocando por títulos, assim como outros que colaboraram doando materiais e serviços. A verdade é que nos anos 80 a Recreio não tinha mais condições de abrigar eventos. Então, iniciou o movimento jovem acreditando que o clube precisava se modernizar para acompanhar a evolução da cidade”, lembra. 

 

Luiz Antônio Barbacovi e Juliana Koetz, Relembrando na Recreio. Foto Lucas Dias.

 

Em 1993, Luia foi eleito Presidente do Conselho Deliberativo, época em que efetivou o Projeto Recreio 2000, determinante para a Recreio. “Período de grandes discussões entre reconstruir a estrutura e a inevitável situação de desmanchar o espaço do bolão, obra reformada poucos anos antes e com espaço pouco usado”. Ao lado de Paulinho e Coletto, líderes desse movimento, Luia participou de todo processo. Período dos mais produtivos em termos de estruturação. “Tive a felicidade de realizar o sonho em transformar a Recreio num padrão de clube para Gramado, com localização formidável, que presta um excelente serviço à nossa comunidade. Comemorei também os 60 anos da Festa das Hortênsias, uma homenagem da Câmara de Vereadores que proporciou o reencontro das famílias. Noite como o antigo baile das Hortênsias: festa de nível nacional e congraçamento das famílias gramadenses, amigos de origem em famílias inseridas e viculadas ao desenvolvimento da cidade” diz.

Demosntra saudade de um tempo que se modernizou deixando de lado este espaço bucólico e o romantismo de uma era. “Cenário da mesma memória afetiva na história de convivência que tínhamos. Jogávamos com o Sr. Adail de Castilhos e nos encontrávamos no glamour da Recreio. Antigamente esperávamos para acontecer um baile, de seis em seis meses, nos preparávamos, escolhendo a melhor fatiota. Os eventos aconteciam em uma velocidade mais lenta e eram valorizados. Hoje existe superficialidade nas relações, perdemos o contato, o preparo. Existiam regras: o que aprendíamos em casa e se aplicava aqui. Sinto muito orgulho em fazer parte desta história”.

 

 

 

  

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