RELEMBRANDO

DANÇA COMIGO?

As danças nos salões da Recreio, sem dúvida, foram os momentos que construíram as melhores memórias afetivas que se perpetuam no tempo... Há os que fazem referência aos bailes com “danças de rosto colado” e outros às festas que exploravam momentos espontâneos, impulsionados por músicas animadas, quando muitas vezes não se lembrava com quem havia dançado. O som alto diminuiu o diálogo, e não a sedução.  São momentos saudosos de gramadenses dançarinos ou apenas admiradores que voltaram no tempo de olhos fechados, relembrando um cenário embalado por músicas que marcaram as suas vidas.

 

Foto: Maria Delourdes Sbabo Magnus

 

Nos bailes de antigamente havia uma forma de cortejo, ato de sedução extremamente romântico e educado. Os jovens procuravam pelo salão a garota ideal que muitas vezes encontrava-se na mesa sentada com os pais. Era preciso audácia para chegar até ela e fazer o respeitoso convite: - Dança comigo? Seria indelicadeza dela não aceitar, e um “sim” educado já deixava animado o rapaz atrevido. A regra era dançar no máximo três músicas com o mesmo rapaz, demonstrando que não havia outro interesse, a não ser, a boa educação. No entanto, se houvesse química, as danças se prolongariam o baile todo. Os rostos se colavam e a sedução continuava com uma conversa ao pé do ouvido. Um tempo mágico onde o cavalheirismo de uma dança fazia casais flutuarem pelo salão de forma encantadora. Mãos na cintura, abraço forte que aproximava ao peito e colava o rosto, ao som de orquestras que tocavam valsas, "foxtrot" e tangos.  O beijo roubado, era às vezes o único da noite.

O romantismo seguiu com os boleros. Mas a década de 50 ficou marcada por uma transição cultural, especialmente em relação à música e ao comportamento adolescente. Época de jazz e rock. Com passos cadenciados os casais se moviam, separando-se e retornando rapidamente, como um iô iô, indo e voltando. Anos 60 além do rock and roll, surgiram “cha-cha-cha”,  “hully-gully” e  “twist” que tomou conta das pistas. O novo “passinho”, era ensinado pelos rapazes que moravam em Porto Alegre e passavam os finais de semana em Gramado. Imagine uma toalha de banho nas costas, esfregando de um lado para o outro e pisando movimentando os pés como se apagasse um cigarro no chão. Nessa época era muito comum, casais de namorados circularem acompanhados com “chá de pêra”, a famosa "vela", visto que o comportamento da juventude era mais “avançadinho”.

 

Foto: Gustavo Merolli

 

Jamais será apagado o tempo da brilhantina nos anos 70, a chamada era “disco”. Discoteca, "hustle" e "breakdance", com influência americana, basicamente solo com chutinhos e movimentos das mãos sempre acompanhando a batida da música. A febre dos anos 80 e 90 era todo mundo dançando igual e no mesmo ritmo e o som cada vez mais potente e eletrônico. Na virada do milênio contamos com variedade de estilos musicais para atender a todos os tipos de público. Axé, música eletrônica, black music, samba, indie, rock, pop, retrô anos 80 e funk. Mas, e os passinhos para acompanhar esta “balada”? Cada tipo de música tem o seu jeito e quem não sabe, dança do jeito que sabe dançar! O mais importante era estar na pista aglomerada ao sinal da música preferida. Ou ainda, há quem tenha subido no palco para registrar a "performance" com os artistas da banda da noite. Além das bandas, o repertório por conta das tradicionais "pickups", alternava CDs ou vinis e alguns DJs tocavam arquivos de música direto do notebook. Com o avanço exponencial da tecnologia, já mudou muita coisa desde então!

 

Foto: Gustavo Merolli

 

Esta mistura de gerações, décadas de estilos, música e dança foi revivido em muitos casamentos, festas de 15 anos, bailes de debutantes, entre tantos eventos!

"Saudades de uma festinha né, minha filha?"

A dança é um tipo de arte que influencia a saúde física e emocional, em cada tempo, e as músicas são poesias que marcam histórias. Em época de pandemia, espero que as pessoas ainda dancem, embaladas por “lives” e “playlists” propagadas pelo celular, gerando novas memórias afetivas, agora, na sala das suas casas, mas em breve com os amigos, por aqui.

 

 

 

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