RELEMBRANDO

MISTER SUÉTER

Jorge Bertoluci é neto de dois ex-presidentes da Recreio. “Henrique Bertoluci Sobrinho, o vô Henriqueto foi presidente duas vezes, de 1935 a 1936 e depois de 1942 a 1946. Lembro-me de assistir as competições quando ele jogava bolão. Leopoldo Rosenfeld, meu avô materno foi presidente de 1948 a 1949. As primeiras lembranças são da infância, quando íamos à missa aos domingos e depois, assistíamos ao torneio de futebol de salão na cancha de asfalto, atrás da Recreio. Morávamos ao lado Parque Hotel e vínhamos a pé, com meus pais. Os tempos da minha adolescência a vida era muito tranquila. Frequentei Carnaval e Baile de Debutantes. Pouco vim à Boate da Recreio, pois nessa época estudava em Porto Alegre e quando voltava para Gramado, trabalhava na Annerose e ficava muito cansado para sair a noite”, conta.

A era das malharias em Gramado começou na década de 60.“Minha mãe, Annelies Rosenfeldt Bertoluci através da Annerose fomentou o trabalho do setor econômico que durante muitos anos foi fundamental para nossa cidade. Gramado chegou a ter mais de 100 malharias, além das artesãs. Na década de 70, abríamos a loja e ela ficava lotada o dia todo. Muitas pessoas começaram a profissão com minha mãe. Famílias inteiras sobreviviam com o trabalho nas malharias, pois empregávamos muitos jovens e mulheres. Odete Forner era nossa melhor vendedora”, lembra.

Arlete Bertolucci e Liége Maria Zatti, final da década de 60, Baile do Suéter Recreio Gramadense

 

Nas noites geladas de inverno, acontecia o inesquecível Baile do Suéter quando a sociedade desfilava pulôveres delicados e suéteres produzidos com esmero e capricho. Troféus e muitas palmas faziam parte da festa que promovia o concurso de Miss e Mister Suéter. “Eu tive a felicidade de ser Bi Campeão Mister Suéter. Obtive o título por dois anos seguidos, bem no auge desse período. Usei um modelo verde limão, muito bonito que a minha mãe criou especialmente para o baile. Outra ocasião vesti uma peça com a estampa de águia alemã nas cores preto, branco e vermelho. Certa vez, fomos por conta da Prefeitura de Gramado divulgar a cidade, todos de suéter no Programa do Mendes Ribeiro na Rádio Gaúcha e na oportunidade conheci o estúdio de rádio e esta grande figura jornalística”, recorda-se.

 

Arlete Bertoluci, Liége Maria Zatti, Elóide Muller, Jorge Bertoluci, Carlos Benetti e Magda Neves.

 

Outro capítulo que ele participou está relacionado à política Gramadense e as folclóricas apurações de forma manual nas eleições, centralizadas aqui. “Passava a noite ao redor dos fiscais da mesa discutindo para quem seria validado tal voto. Terminava a eleição, traziam todas as urnas para cá e por volta das 21h, começavam a contagem que varava noite até a manhã do dia seguinte. O partido que ganhava fazia uma grande festa, saindo em carreata com os simpatizantes. Naquela época havia alternância entre Pedro Henrique Bertoluci e o Nelson Dinnebier. Época emocionante em termos políticos com momentos decisivos dentro da Recreio”, registra.

 

Jorge Bertoluci e Ike Koetz, Relembrando na Recreio Gramadense

 

Jorge lembra quando trabalhou na comissão de festejos aos 25 anos emancipação de Gramado. “Encerramos os protocolos com os ex-prefeitos trazendo um grande bolo e todos cantando parabéns e a comemoração seguiu com um lindo baile. Aqui também joguei torneio estadual de xadrez e lembro-me de um baile quando a cantora Perla fez um espetáculo. São ótimas lembranças, momentos especiais. Esse clube é um fenômeno, pela conservação e por sua idade. O antigo salão e o atual são muito parecidos. A mudança com este profissionalismo que foi instituído é a garantia de continuidade das atividades. Tenho certeza que ficará na mente, principalmente das pessoas da minha geração”.


 

  

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