RELEMBRANDO

O BRILHO DO SALÃO

O senhor Luiz Roldo Filho, aos 90 anos com uma memória invejável, fala sobre os tempos do clube nos anos de 1950. Casou-se com dona Iracema Libardi na Igreja de Pedra e a festa aconteceu na Recreio em novembro de 1958. Época da gestão do senhor Cláudio Candiago como presidente do e do seu sucessor, o senhor Francisco Bertoja. “Eu e a Iracema saímos de Porto Alegre e viemos morar na Sociedade Recreio Gramadense”

 

Festa de Casameto Luiz Roldo Filho e Iracema Libardi., 1958 Foto: Arquivo Pessoal

 

O casal começou a trabalhar como ecônomo, a convite do pai da dona Iracema, o senhor Aquilino Libardi. Antigamente o sistema de construção era totalmente diferente. Demorava muito tempo para terminarem as obras normalmente feitas por um pedreiro e um ajudante. “Aquilino construiu a Recreio, a Igreja, o Hospital, os Colégios, o Cinema, o prédio da Prefeitura e o nosso Hotel Gramado Palace também. Nasceu em Gramado, na Tapera, em 1909 e morreu em 1991. Em 1951, demoliu a ´velha´ Recreio de madeira, que havia sido feita por ele e construiu a segunda, também. A obra de alvenaria terminou em 1956. O Aquilino presidiu o grupo de bolão 1º de Outubro. Gramado era uma cidade mais simples, um lugar muito gostoso! Chamava-se Picada para os Alemães, Linha para os Italianos. Por causa dos Tropeiros passou a se chamar Gramado. Eu sou do tempo em que não havia automóveis aqui. Havia carreta, carroça e eu andava à cavalo em Gramado", lembra seu Luiz. 

 

Aquilino Libardi. Foto: Arquivo Pessoal

 

Aquilino Libardi e time de Bolão Recreio Gramadense, década de 40. Foto: Arquivo Pessoal

 

Sobre a rotina de serviço do clube, antigamente, conta: “Éramos nós dois, uma cozinheira e um ajudante no máximo. Diariamente às 9h da manhã alguns gramadeses apareciam para tomar café no balcão. Centenas de pessoas circulavam na Recreio. Às 11h chegavam os primeiros sócios para tomar aperitivo. A Iracema e a cozinheira ficavam preparando almoço, pois em seguida chegavam os clientes para almoçar. O Antoninho Barbacovi era o garçom mais honesto e trabalhava muito bem. À noite preparávamos jantares pros grupos de bolão e nos bailes também. Servíamos o pessoal que frequentava a boate e o Cassino. O Bertoja, quando presidente trouxe muitas novidades! Do pessoal que jogava bolão eu lembro muito do Nina, do Parque Hotel, Oscar Knorr do Parque Knorr e do Leopoldo Rosenfeldt, do Lago Negro. Todos jogavam aqui”.

 

Luiz Roldo Filho e Iracema Libardi, economato Recreio Gramadense, 1960. Foto: Arquivo Pessoal

 

Ele conta que em muitas madrugadas faziam sopão para os que viravam à noite jogando carta. “Lembro de gente que sentava nas mesas e ficava jogando por três dias. Pelas 3h da madrugada pediam para preparar uma galinhada. E sabe como que se preparava uma galinhada naquele tempo? Precisava ir aos fundos, no galinheiro, pegar as galinhas, passar na água quente, depenar e limpar. Hoje se compra prontinha, temperadinha, é só botar na panela! Naquele tempo era um longo processo para preparar e servir à mesa para o cliente. O acesso à sala de carteado era por uma escada caracol. A porta da ficava quase toda fechada e eu mal conseguia passar com a bandeja e com os pratos. Havia uma mesa só para canastra e outra para pôquer. Os gramadenses mais bem de vida jogavam pôquer”, conta. 

 

Iracema com os filhos Marcia e Augusto, Carnaval da Recreio Gramadense, 1966. Foto: Arquivo Pessoal

 

 

Augusto Roldo, um dos filhos, como "Laçador", 1º lugar carnaval infantil da Recreio Gramadense, 1968. Foto: Arquivo Pessoal

 

Augusto e Luiz Roldo Filho, Relembrando. Foto: Rafael Debacco

 

O senhor Livo de Fries assumiu o economato depois que o casal saiu em 1962. A família Roldo participou da longa história do clube. “Sinto saudades da minha juventude, naquele tempo eu não tinha medo de nada! Trabalhamos com muita dedicação e comentavam que dava até para se espelhar no salão. A Iracema tinha mania de encerar tudo, passava cera até nos pinos do bolão. A cancha de bolão brilhava! Muito caprichosa, assumiu a Recreio como se fosse a casa dela! Gramado antigamente era uma grande família. Hoje somos números. Uma cidade que nasceu e deu certo. Todos queriam ajudar como se fosse o seu próprio lar e talvez, por esse motivo, evoluiu tão bem”!

 

 

 

  

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