RELEMBRANDO
TEMPOS DA ROÇA
Pedro Andreis relembra histórias da Recreio desde a infância gramadense com memórias de quem veio da zona rural. “Na década de 1960, a gente vinha do interior da roça nos finais de semana para assistir a um cineminha e se entrosar um pouco na sociedade também. Rejeições, eram bem comuns na época... mas a gente tentava se aproximar aos poucos, para participar da sociedade, do clube e conhecer as opções que a cidade poderia proporcionar”, diz.
A Recreio teve uma grande importância social, princialmente nas décadas de 50 e 60. “Lembro bem que havia um campo de futebol de salão rústico com o chão cheio de pedregulhos, onde um sargento ensinava a jogar. As bolas eram pesadíssimas e a tradição era jogar descalço. Vantagem para a gurizada que vinha da roça, que tinha o pé mais cascudo e enfrentava melhor os guris da cidade”!
Pedro associou-se ao clube na década de 70. “Surgiram mais oportunidades como a Boate. Brigas eram bem comuns, especialmente pela rivalidade com a cidade de Canela. Se não houvesse a encrenca, praticamente não tinha acontecido nada no final de semana. E assim acontecia: uma vez a gente apanhava lá e no outro final de semana a gente batia aqui. Sempre houve esta rivalidade. A boate era nosso evento principal de fins de semana, geralmente aos sábados. A gente fazia uma prévia na Lancheria da Hortênsias, que ficava aqui na Rua Coberta até umas 23 horas e depois vinha para o clube. A grande maioria fumava e o ambiente era um barbaquá. Não se enxergava nada pela fumaça, não sei como se respirava! Naquela época, os pais de algumas meninas responsabilizavam alguns rapazes, e o meu caso era esse: buscava em casa, levava para a boate e até uma hora da manhã trazia a menina para casa”, relata.
Quando participou dos Monarcas do Ritmo conheceu mais pessoas da sociedade, inclusive a sua esposa Marilei Benetti. “Minha esposa cresceu na Recreio, os pais dela eram ecônomos. Fui par da Lei, no Baile de Debut e nos casamos aqui, na década de 80. Antoninho Barbacovi e o Chico Lorenzoni eram os garçons titulares e serviram um jantar maravilhoso”, lembra-se.
Marilei Caberlon e Pedro Andreis, Baile de Debutantes Recreio Gramadense. Foto: Arquivo Pessoal
O casal participou ativamente na diretoria do clube, por muitos anos. “Fui diretor de esportes quando aqui existia uma área de futebol de salão, uma cancha de bocha, uma cancha de bolão e tentamos modernizar um pouco a boate, qualificar um pouco mais. Trabalhamos em reformas rebaixando o teto e na instalação das portas divisórias que eram abertas ou fechadas de acordo com a quantidade de pessoas no evento. Tornou-se um ambiente mais acolhedor, possibilitando mais brilho na decoração dos bailes. Revolucionamos a parte cultural. Trouxemos o Francisco Petronius e as Garotas do Sargentelli. Mudamos um pouco a forma de ver a Recreio como Sociedade, quebramos paradigmas e foi um marco na história do clube”, registra.
Uma ocasião que se destaca na trajetória do clube são os Bailes de Debutantes. “Noites maravilhosas onde os pais apresentavam as filhas para a sociedade. Havia preocupação de estar muito bem vestido. Jamais esquecerei quando usei uma gravata amarela, camisa azul e casaco amarelo, bem cafona. Me destaquei de todos e rever essas fotos é sempre maravilhoso”, comenta.
Marilei, Monica Caberlon e Pedro Andreis, Baile de Debutantes Recreio Gramadense. Foto: Arquivo Pessoal
Aos fundos da Recreio havia salas onde funcionavam os clubes de serviço. As reuniões do Lions Club, Orbis e Rotary eram semanais e havia jantares reunindo o pessoal. “Aqui surgiram os grandes líderes da cidade! A Recreio fez um trabalho bacana em formar lideranças e acho que esta é uma bandeira que deveriam dar continuidade. Há necessidade de descobrir lideranças políticas de uma forma saudável. Acho que a Recreio deveria promover este tipo de encontro, de debates. Acho que além de nível municipal, destaques na Região das Hortênsias”, sugere.
Pedro Andreis, Relembrando na Recreio Gramadense. Foto: S.R.G.
O clube evolui e Pedro também participou da grande reforma que aconteceu na época do Coletto. “Mobilizamos, trabalhamos juntos em uma grande equipe, em busca de recursos para fazer acontecer à reconstrução. Hoje o que buscamos naquela época se tornou uma realidade. Foi muito bacana participar como sócio, como colaborador ativo do clube e contribuir como cidadão gramadense”, conclui.
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