RELEMBRANDO

VISITA DE CURIOSO

Ilso Paulo Tomazelli tem muitas histórias para contar sobre a Recreio. “Quando eu tinha 16 anos, morava na Várzea Grande e, curioso, vim sozinho até a Recreio para conhecer o famoso baile.

 

Várzea Grande, ano 1938. Arquivo Público João Leopoldo Lied

 

 

Não me deixaram entrar, então fui à casa do tio Ernesto, pai do Nelsinho, pedir ajuda, por que ele era sócio.Foi lá comigo para saber o que estava acontecendo. Claro que era por causa do meu jeitão e naquele tempo não podia entrar qualquer um”, diz. “Meu tio pediu para me liberarem, comprou uma joia e a partir daí eu pude ser sócio da Sociedade Recreio Gramadense” lembra-se.

 

 

“Acompanhei de perto todas as construções, desde o início. Era uma quadra enorme e os terrenos foram sendo vendidos para levantar o clube. Lembro quando arrancaram o casarão de madeira e da festa para conseguir dinheiro para comprar o piso. Eu, o Ilso Dal Ri, Irio Bezzi, Waldemar Weber e mais alguns, organizamos”, conta.

 

Avenida Borges de Medeiros, ano 1945. Arquivo Público João Leopoldo Lied

 

"A comunidade toda se envolveu na reforma da segunda sede", diz. “Bruno Muller, João Schneider, Hugo Daros. Hotéis Candiago e Bertolucci ajudavam também, pois lá se hospedavam as famílias dos jogadores de bolão que vinham para os campeonatos. Os Dale Mole proprietários de serraria também investiram no clube. Eu como tinha as pedreiras, enchia os caminhões e trazia as pedras para cá”, relata.

 

Ilso Paulo Tomazelli, participando do Projeto Relembrando na Recreio. Foto: Lucas Dias

 

Seu Ilso conta que viajava nos campeonatos com o Tuyuty, conhecendo as festinhas de bolão em todo o Estado. “Eu não tinha dinheiro, mas ia junto e carregava os equipamentos para eles que eram bem mais velhos do que eu. Aí o pedreiro aqui levava as malas para os bolonistas, aprendia a jogar e aproveitava o passeio”.  Ele conta que ajudou a construir as canchas de bolão. “Minha firma fez os alicerces, os bolonistas encheram de cascalho e fizemos o concreto para colocar as canchas em cima. Naquele período, só os construtores daqui trabalhavam na cidade”, comenta.

 Pedro Fattori, Nelson Dinnebier, Altivo Becker, Tino Volk, Amantino Libardi, Osmar Accorsi, Euzébio Balzaretti, Ilso Tomazelli e Remi Melara. Acervo S.R.G.

 

Anos depois, foi Secretário de esportes quando a Recreio jogou a final do campeonato estadual de bolão. “Eu jogava no grupo Castelo. Fui o fecha rosca, precisava fazer o ponto que classificaria o meu time para final. Lembro que eu nem conseguia colocar os dedos dentro da bola de tão nervoso”.

 Baile de Carnaval na Recreio Gramadense 2006. Crédito Luiz Nery

 

Apaixonado pelo Carnaval participou do Bloco dos Velhinhos desde o início, em 1966. Recorda-se que a ideia o bloco surgiu para movimentar os bailes. "Chamaram quarenta casais e estava feito! Cada casal trazia seus familiares e assim já enchia o salão com uma gurizada e o baile ficava bonito”.
Sobre a última obra do clube que acompanhou, comenta que o Coletto liderou a maior reforma da história da Recreio, “com coragem ele fez tudo novo". Na década de 1990, Ilso Tomazelli foi diretor de patrimônio e diverte-se com sua esposa Catharina Geny Tomazelli até hoje nos bailes de carnaval. "Trabalhando e me divertindo, sempre fui atuante na Recreio, desde a visita de curioso”.

 

 

 

 

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